Em 2022, foram mais de 74 mil denúncias, quase 68% a mais do que em 2021. Em média, foram oito denúncias por hora.

Em 2022, pelo terceiro ano seguido, aumentaram as denúncias de crimes de ódio na internet. Em média, foram oito denúncias por hora.
Os direitos humanos são universais – também valem nessa terra sem fronteiras chamada internet. O desrespeito é crime.
O Dióges e o namorado, Jean, foram vítimas. Eles publicaram uma foto numa rede social, no estádio, na hora do beijo, sem nenhum problema. Os ataques começaram depois, online.
“Foram vários comentários negativos, de pessoas que são de torcidas organizadas, pessoas que são torcedores também de outros times colocando palavras de ódio,” conta o profissional autônomo Dióges Junior.
Mas tem muita gente de olho no que circula na rede. A SaferNet, organização não governamental que atua na promoção e defesa dos direitos humanos na internet, recebe as denúncias. Nesta terça-feira (7), Dia da Internet Segura no mundo, ela promoveu eventos em 30 cidades brasileiras e divulgou dados que mostram que os crimes de ódio online aumentaram.
A ONG divide os crimes de discurso de ódio na internet em sete tipos:
– xenofobia: que é a incitação ao ódio a imigrantes ou pessoas de outras regiões do país;
– intolerância religiosa;
– misoginia, que é a aversão ou declarações de ódio às mulheres;
– apologia a crimes contra a vida;
– LGBTQIA+fobia;
– neonazismo; e
– racismo.
No ano passado, foram mais de 74 mil denúncias, quase 68% a mais do que em 2021. Os maiores aumentos foram nos casos de xenofobia, intolerância religiosa e misoginia.
Crimes como o denunciado por um aluno negro de uma escola de Campinas, no interior de São Paulo. O adolescente revelou que mensagens racistas e de apologia ao nazismo circulavam em um grupo de conversa entre estudantes. Oito alunos foram expulsos.
O que é dito, postado, enviado online não pode ser ignorado. Especialistas dizem que ofensas e ameaças feitas no mundo virtual podem ter consequências graves dentro e fora da internet. A rede é um grande ponto de encontro; são pessoas influenciando outras pessoas. E nem sempre em torno de uma boa causa.
“Conteúdos dessa natureza, que promovem a violência, que segregam a violência, que incentivam o ódio, o preconceito e a discriminação não podem ser tolerados, eles devem ser denunciados, devem ser removidos e seus autores devem ser responsabilizados. É fundamental que a sociedade esteja atenta, que os pais estejam atentos e que orientem os seus filhos a usar a internet com responsabilidade, com segurança e com privacidade,” afirma o diretor-presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares.
A SaferNet lembra que tem o jeito certo de denunciar. “Para as autoridades, nos canais apropriados. Não compartilhar, mesmo para fins de indignação. Porque quando ela compartilha esse tipo de conteúdo, ela dá mais visibilidade porque o algoritmo entende que aquele conteúdo é relevante e entrega para mais pessoas,” conclui a diretora de Projetos Especiais da SaferNet Brasil, Juliana Cunha.
Fonte: TV Globo – Jornal Nacional